quinta-feira, 18 de fevereiro de 2016

Renovação


Vento novo

Estava enrolada
em teias e traças,
debaixo da escada,
lá no subsolo
da casa fechada.

Começava a tomar ares de desgraça.

Manchada do tempo,
fenecia
a esperar que um dia
alguma coisa acontecesse.

Antes que se perdesse completamente,
sentiu passar um vento cor-de-rosa.

Toda prosa, espanou a bruma,
pintou os lábios
e sem vergonha nenhuma
caprichou no recorte do decote.

A felicidade volta à praça
cheia de dengo e de graça,
com perfume novo no cangote.

Flora Figueiredo


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