sábado, 30 de janeiro de 2016

Navegar é Preciso



Navegar é Preciso

Navegadores antigos tinham uma frase gloriosa:
"Navegar é preciso; viver não é preciso".

Quero para mim o espírito (d)esta frase,
transformada a forma para a casar como eu sou:
Viver não é necessário; o que é necessário é criar.

Não conto gozar a minha vida; nem em gozá-la penso.
Só quero torná-la grande,
ainda que para isso tenha de ser o meu corpo
e a (minha alma) a lenha desse fogo.

Só quero torná-la de toda a humanidade;
ainda que para isso tenha de a perder como minha.

Cada vez mais assim penso.
Cada vez mais ponho da essência anímica do meu sangue
o propósito impessoal de engrandecer a pátria e contribuir
para a evolução da humanidade.

É a forma que em mim tomou o misticismo da nossa Raça.

Fernando Pessoa

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No século I a.C., os romanos viviam ativamente o seu processo de expansão econômica e territorial. Na medida em que Roma se transformava em um império de dimensões gigantescas, a necessidade de desbravar os mares se colocava como elemento fundamental para o fortalecimento de uma das mais importantes potências de toda a Antiguidade. Foi nesse contexto que o general Pompeu, por volta de 70 a.C., foi incumbido da missão de transportar o trigo das províncias para a cidade de Roma.

Naqueles tempos, os riscos de navegação eram grandes, em virtude das limitações tecnológicas e dos vários ataques piratas que aconteciam com relativa frequência. Sendo assim, os tripulantes daquela viagem viviam um grave dilema: salvar a cidade de Roma da grave crise de abastecimento causada por uma rebelião de escravos, ou fugir dos riscos da viagem mantendo-se seguros na cidade de Sicília. Foi então que, de acordo com o historiador Plutarco, o general Pompeu proferiu esta lendária frase.

De fato, a afirmação do general Pompeu surtiu bons frutos. A viagem foi realizada com sucesso e o militar ascendeu ao posto de cônsul com amplo apoio das camadas populares romanas. Pouco tempo depois, esse mesmo prestígio o fez ser um dos integrantes do Primeiro Triunvirato que governou todo o território romano. Afinal, será que foi a vitória da história de Pompeu que levou o lendário escritor português a tomar empréstimo dessa instigante sentença?! Quem sabe...


 Rainer Sousa


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Olá, queridos amigos!

Sempre fiquei encucada com esta frase... como assim, viver não é preciso?! Depois, analisando sob um ponto de vista mais amplo, vi que ela pode ser utilizada em vários sentidos. No contexto histórico, quis dizer que o bem comum, que a coletividade, que a nação é uma necessidade maior que a individual e que, neste caso, é preciso correr riscos. 

Este também é o mote dos heróis e dos super-heróis. Para salvar alguém ou um povo, o herói determina-se a deixar o seu conforto, a sua segurança, e a iniciar a sua jornada repleta de perigos. O bem-comum está sempre acima dos interesses pessoais. Foi neste sentido que  Pessoa a usou em seu famoso poema.

Pode-se pensar também um outro sentido para esta famosa frase. O preciso pode adquirir o sentido de 'exato' e não de 'necessário'. Sendo assim, podemos pensar em navegar como algo exato, com sua rota determinada, ao passo que viver é impreciso, pois a vida é cheia de surpresas e sujeita a mudanças inesperadas.

Beijos

com carinho

Isabel

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